terça-feira, 3 de agosto de 2010

Essa historia foi pensada quando eu ouvi uma musica da Madonna: She´s not me.

Apartir dai a historia tomou outro rumo, espero q gostem.


Graças a Deus algazarra feita por Bruno pela chegada de Cristian me despertou e retirando-me de mais um pesadelo que insiste em assombrar minhas noites. Mudava o ambiente a situação, mas o personagem central sempre era o mesmo: Ela.

Espreguicei-me na cama, colei meu rosto no meu travesseiro e de repente parei no meio do movimento, pois senti um cheiro, esse que senti durante sete anos, era o Dela. Aspirei, me intoxicando um pouco, porém joguei aquele troço, para mim naquele momento, era demoníaco. Agora as alucinações eram olfativas também? Não bastava as visuais?

Ela sempre aparecia para me atormentar no meu dormir, já fazia um mês que sua presença importunava e comprometia os meus sonhos, porque perturbar meus pensamentos quando estou acordado isso Ela já faz a dois meses.

Levantei em um pulo queria sair dali, olhar para aquela cama me fazia lembrar alguns momentos com ela, sacudi a cabeça em uma tentativa infantil de espairecer qualquer memória. E comentei mentalmente para mim mesmo: “Vou comprar uma cama nova.”

Comecei coçar meus olhos devido ao sono, abri a porta ouvir o som da bagunça dos meninos aumentarem. Contudo agora os flashes dos pesadelos anteriores voltaram em minha mente, abri os olhos e dei um suspiro pesado, em seguida saiu em voz alta um:

-Droga! – Resmunguei irritado.
-Bom dia para você também Ricardo. – Bruno falou brincalhão.
-Que recepção calorosa. – Debochou Cristian.
-Esse bom humor matinal dele está cada dia melhor. – Bruno totalmente irônico comentou.

Os dois estavam sentados nos bancos do balcão da cozinha, onde não tinha nada preparado para o café da manhã. Logo lembrei: Hoje é sábado e como sempre eles estavam esperando por Márcia, a minha irmã que também dividia o apartamento com a gente e ainda, para minha infelicidade namorava o Bruno. Para que ela preparasse nosso “café de hotel”, onde tinha tudo que a gente gostava, desde ovos mexidos até suco de laranja natural, praticamente um banquete todo sábado.

Sei que os meninos e ela iriam me perturbar e assim começaram:

-E por que você está com essa alegria toda? – Cristian me perguntou.
-Muita coisa mudou nos seus três meses que você passou viajando Cris. – Intrometeu Márcia, que veio até o recém chegado e deu um abraço de boas vindas. – Que bom que você chegou bem. Me conte de sua viagem.
-Não! – ele falou se levantando. – Quero saber tudo vocês vão me contar. – Os dois namoradinhos confirmaram com a cabeça. – Antes tenho que guardar as minhas coisas.

Cristian pegou suas bagagens e saiu feliz em direção ao seu quarto, falando como sentia falta do recinto, como era bom voltar para casa, essas coisas que sempre é falado em retorno de viagem.

Alheio aquilo tudo caminhei até a geladeira, no modo automático a abri, acho que para pensar um pouco na vida, pois parei na sua frente e não peguei nada. Meu estomago estava com fome, protestava com roncos altos, no entanto sabia que me irritaria com o reviver de toda historia.

Márcia me tirou da minha automação pedindo que tirasse as coisas da geladeira para ela começar a preparar nossa refeição matinal, assim o fiz de má vontade jogando os ingredientes no balcão da cozinha sem ao menos olhar como eles pousavam. Minha irmã me encarou rindo e perguntou:

-Como foi o pesadelo de hoje?
-Não quero nem lembrar.

Respondi fechando a porta da geladeira com força, ouvi Bruno resmungar da minha atitude, entretanto não lhe dei ouvido e sentei em um dos bancos da cozinha, colocando a mão no rosto.

-Se você não contar não faço o “Café de Sábado”. – Ameaçou toda serelepe minha “adorada” irmã cruzando os braços no peito.
-Você gosta de me ver sofrendo? – Tirei minhas mãos do meu rosto e a encarei com uma careta. Vi o sorriso debochado que tanto odeio desde quando éramos pequenos.
-Desde que você terminou com... – Antes que ela continuasse fiz um gesto de ameaça para que ela não pronunciasse o nome Dela.

Minha irmã concordou e não falou o maldito nome, que sempre evitava a todo custo dizer em voz alta desde dia que dei fim ao nosso relacionamento, agora mais ainda, pois Ela já me assombrava sem ser citada, tinha medo de essa loucura piorar se o nome dela fosse pronunciado em voz alta.

-Vou fazer o café e você abre a boca. – Márcia apontou para mim de maneira brava.

Não tinha mais o que argumentar: eu teria que falar. No entanto esperarei o inquérito dos três carrascos.

Cristian sentou ao meu lado, perguntou a minha irmã se queria ajuda, entretanto rejeitou. Então sua atenção voltou para mim, com a expressão curiosa, suspirei pesadamente, não teria como fugir.

-Por onde você quer começar? – Eu perguntei derrotado para Cristian.
-Você vai ter que me contar tudo que aconteceu na minha ausência.
-Sorte que hoje é sábado e está chovendo. – Brincou Bruno sentando do meu outro lado. -Primeiro nos conte o pesadelo dessa noite. – Márcia perguntou enquanto fazia ovos mexidos.

Ajeitei meu corpo no banco buscando uma posição confortável, porque a historia é comprida. Bufei irritado e comecei:

-Eu estava num corredor bem cumprido, daqueles de filme de terror com várias portas e as paredes eram escuras, não me lembro direito. A única coisa que me chamou atenção foi Ela vestida com vestido que dei no nosso quinto ano de namoro.
-Aquele vermelho que te ajudei escolher? – Perguntou Márcia com a colher apontando para mim.
-Ele mesmo. – Eu confirmei. – Ela sorria para mim de maneira divertida e caminhava na minha direção. Lembro-me de ficar nervoso com sua aproximação, não sabia o que falar. Tudo parecia estar em câmera lenta, isso a deixava mais linda, mas seus olhos tinham uma fúria velada, uma coisa meio sombria.
-Caraca que estranho. – Cristian falou.
-Ih tem piores. – Bruno comentou rindo. – Teve um de baile de mascara que todas eram Ela.
-Esse ainda me dá calafrios. – Eu lembrei e continuei. – Ela continuou caminhando, quando ficamos próximos, ela veio até meu ouvido e sussurrou: “Você nunca vai esquecer-se de mim.” Depois disso ela deu uma risada malévola e passou por mim, quando virei vi ela multiplicada em várias, todas rindo de mim.
-Pelo jeito ela esta certa. – Riu Bruno. – Afinal você tem a visto tempo todo.
-Como assim? – Cristian me indagou. – Você a vê?
-Vejo ela de relance na rua, quando estou com uma garota logo vejo que ela tem alguma coisa que me lembra Ela. – Relatei agoniado. – A boca dela, os olhos dela, a expressão dela, o sorriso. Todas elas parecem ter um pedaço dela.
-Isso realmente é perturbador. – Cristian falou. – e por que você afinal terminou com ela?
-Eu nunca entendi essa decisão dele. – Márcia emendou arrumando os nossos pratos.
-Ele é doido. – Bruno comentou. – Largar uma garota como Ela, nunca deu trabalho pra ele. – Nesse momento ouvimos um pigarrear da minha irmã, mostrando sua insatisfação, imediatamente Bruno levantou e abraçou. – Amor, você é perfeita para mim, já Ela era perfeita para seu irmão.
-Eu queria ter liberdade, quero curtir a vida. – Eu respondi irritado com aquela ceninha romântica. Meu cunhado revirou os olhos para mim e bufei irritado. – Comecei namorar com 17 anos, não vivi a fase de ir à caça, nosso relacionamento estava cada dia mais e mais sério.
-Lembro-me de você ter comentado isso comigo antes de viajar. – Observou Cristian.
-No mês que você viajou ele tinha sumido lembra? – Perguntou Bruno – e que Ela quase nos enlouqueceu com tantas perguntas e telefonemas atrás desse maluco?
-Oh se lembro. Quase não conseguimos dormir aquele mês. – Cristian recordou. – Aonde você se meteu nesse tempo?
-Fui para casa dos meus pais na praia, queria um tempo para mim.
-Invés de falar isso para Ela, simplesmente sumiu. – Márcia sempre me recriminava por causa disso.
-E ela ficou que nem uma maluca no meu encalço. – Tentei argumentar.
-Você sumiu sem dar noticia. – Ela gritou mostrando quanto obvio era seu argumento.
-Você não conversou com ela sobre seu sumiço? – Cristian me perguntou perplexo.
-Não. – eu já estava irritado. – Simplesmente voltei e falei que precisava daquele tempo para mim. Ela me entendeu, ficamos mais um mês juntos, mas nosso namoro ficou muito na amizade e cada vez mais eu precisava ter tempo para mim.
-Assim você terminou com ela? – Cristian me indagou.
-Ele fez pior do que na primeira vez. – Bruno falou antes de mim.
-Não é possível? – Cristian estava assustado.
-Conta para ele o que você fez. – Bruno me provocou.
-Mandei um e-mail para ela, falando que não queria mais namorar. – Falei envergonhado.
-Caraca, você sempre me surpreende. – risada sarcástica de Cristian me incomodou.
-Mas Cris. – chamou Márcia terminando de por nosso café no balcão. – Isso só o fez sofrer.
-Essa historia esta tendo reviravoltas interessantes. – Cristian falou sarcástico. – O que você quer dizer com isso Márcia?
-Ele pensou que ela iria ficar em busca dele, como na primeira vez. Que ligaria chorando como fez. Mas ela não fez nada disso.

A risada de Cristian cortou a cozinha, Bruno e Márcia o acompanharam, eu me senti mais derrotado ainda, mesmo querendo negar para os outros, praticamente para o mundo inteiro, era isso mesmo que me incomodava, ela não tinha sofrido por mim.

Na semana seguinte eu esperei alguma reação, esperei as ligações, os choros, os e-mails raivosos. No entanto nada veio, nem sequer uma noticia. Corri para sua pagina nas redes sociais, elas foram apagadas, seu celular tinha sido desligado. Ela simplesmente sumiu, era oposto disso que eu esperava.

Esperei mais dois dias nenhuma noticia sequer, mesmo aproveitando minha solteirice absurdamente, minha mente sempre voltava a me incomodar com idéia da ausência Dela, com sua falta de qualquer reação por mim esperada. No entanto depois de um sábado de muita farra cheguei em casa pela manhã e tinha na porta do apartamento uma caixa, com um bilhete repousando em cima das coisas que eram minha que tinham ficado em seu apartamento.

Um sorriso escapou no canto da minha boca junto com um “Eu sabia” presunçoso. Peguei o pequeno papel, pensando que era uma carta dobrada repleta de dor e lágrimas, porém era um cartão com a seguinte frase: “Seja feliz na sua escolha.”

Não sei o motivo que aquelas cinco palavras me desconcertaram, não era algo esperado por mim, queria saber como ela estava, será que ela tinha sofrido com a minha falta? Reli o bilhete, seco e direto, logo uma idéia orgulhosa surgiu: “ela deve estar sofrendo muito por mim, por isso não escreveu mais.”

Assim uma idéia apareceu: “ vou até a casa dela para ver se Ela precisa de mim.” Mesmo sujo da madrugada toda em uma boate, segui para sua residência, o sol já estava esquentando o dia, parei meu carro, quando estava saindo a vi caminhando com seu cachorro. Logo meus olhos percorreram seu rosto, talvez visse uma olheira funda, afinal tinha menos de duas semanas da nossa separação.

Todavia ela estava deslumbrante, mais linda como nunca a tinha visto, seu sorriso era largo e contente. Aquilo me pegou desprevenido, Ela estava muito bem, como nunca esteve, me lembrei de sua figura abatida depois de um mês do meu sumiço, da dor que havia nos seus olhos. No entanto agora nada disso havia, era só felicidade. Aquilo me inervou.

Fiquei durante os meses seguintes buscando alguma lógica para reação inesperada por mim, me peguei pensando: Será que ela chorou por mim? Será que ela não me amava mais? As perguntas pareciam me consumir. Mas eu não queria ficar pensando nela ou nas indagações, sai a campo, porém nem isso estava colaborando.

Com o passar do tempo as coisas foram piorando, comecei a ver ela a todo instante nos rostos das outras meninas ou até vultos dela. Aquilo estava me consumindo, queria que aquilo parasse de alguma maneira, até namorar outra garota eu tentei, porém comecei comparar uma com a outra, além que sempre era lembrado pela minha memória os momentos vividos com Ela, a conclusão sempre era mesma: aquela mulher não era Ela e nunca seria. Nenhuma seria. Assim acabei magoando outra pessoa.

Levantei inquieto da mesa, a comida podia ser convidativa no seu aroma e visual, porém meu estomago nada queria. Toda aquela verdade era muito incomoda e perturbadora para mim. Os três me olharam preocupados. Logo Cristian me perguntou o que minha irmã cansou de perguntar durante esses dois meses:

-Você a ama?
-Não importa. – Esbravejei. – Ela já não me ama mais.
-Como você pode ter tanta certeza? – Bruno falou compadecendo da minha angustia.
-Porque eu fiz isso. Eu sou culpado por ela não me amar. Eu destruí tudo com meu egoísmo.

A raiva que comecei a sentir de mim mesmo foi me corroendo com um acido, nunca tinha exposto meus sentimentos assim, mas ali estavam três pessoas que sempre estiveram ao meu lado a todo o momento, nos meus erros e acertos. Márcia veio ao meu encontro envolveu seus braços no meu corpo, tentando me acalmar.

-Sempre podemos mudar a nossa história: basta ter coragem e vontade para isso. – Seus olhos eram carinhosos.
-Não tenho tais predicados. – Respondi derrotado com a minha fraqueza.

4 comentários:

  1. Nossa que história heim... Aff aconteceu uma coisa parecida comigo,parecida não identicaA..
    Muito bom MIss...

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  2. ricardo agora se arrependeu,talvez não seja tarde pra consertar o erro,será?
    a gente só dá valor quando perde,e esses pesadelos seriam a consciência pesada
    fiquei curiosa nessa mulher,que nem o nome é citado
    beijosssssssssssss

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  3. Demais Miss
    Adorei, como sempre, como tudo que tu escreves, o Ricardo, um canalha né...mas ele bem que poderia tentar, afinal ele começou que desse fim deveria ter coragem...

    demais, muito bom...

    parabéns DEVA

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  4. Lembrei um pouco da minha história, alguns fatos só... um término estranho que aconteceu, uma besteira da minha parte! O pior foi o arrependimento... o egoísmo. Maaas a vida continua!

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