sexta-feira, 2 de julho de 2010

Para começar, vou postar uma historia meio maluca que surgiu na minha cabeça às seis da matina, ninguem merece né? Mas minhas inquietações fazem isso comigo, me incomodam em alguns momentos muito importunos, contudo eu achei até engraçado, por isso apostei nela.

Também escolhi por ela, porque não queria a seriedade hoje, já basta o estresse que rolou ao meio dia com aquele jogo, num quero lembrar disso. Preciso de algo leve, não sei se agradarei com essa tematica ou se falarei com propriedade, afinal nessa historia me encaixaria no papel da amiga. Leiam e me falem com sinceridade o que acharam. Pode ser qualquer critica seja positiva ou negativa, todos os dois tipos são bem vindas.

"Como é bom ter sonhos bons são repletos de magia, onde tudo é possível, naqueles que você pode até voar. Era um desse tipo que eu me encontrava, era uma praia linda com o sol imponente esquentando-me até os ossos. É impressionante como no mundo dos sonhos nós podemos sentir tudo, nossa percepção fica mais aguçada, tudo é percebido com muita intensidade.

Eu andava na faixa de areia branca, meus pés gostavam desse contato, olhava a minha volta, sem dúvida eu nunca tinha visto esse lugar antes, contudo naquele momento ela parecia ser o verdadeiro paraíso, além do astro rei brilhando no céu, o mar parecia um manto calmo até era convidativo a um mergulho.

Porém antes que pudesse me render o desejo de usufruir daquela água, ouvi um zumbido ao longe, aquilo chamou minha atenção, de maneira automática virei meu rosto procurando a fonte do barulho, não encontrei nada. Assim voltei para ver as ondas batendo levemente na areia, no entanto voltou aquele som chato, só que mais forte. Tive a impressão que deveria ouvi-lo, todavia me sentia tão bem nesse lugar paradisíaco.

Fechei meus olhos para concentrar naquele som, depois de analisá-lo por um tempo tive a certeza que o conhecia. Ao notar meu conhecimento ele aumentou tanto seu volume, que foi impossível meu cérebro se manter na inconsciência, logo fez as conexões mais que necessárias e o resultado fez meus olhos reais abrirem. Era o meu despertador.

Resmunguei aquela língua estranha que a sonolência nos faz pronunciar quando ainda estamos meio dormindo. Não queria ter saído do meu paraíso, estava tudo tão bom, agradável.

Senti um pequeno ódio sobre aquele ser de metal que continuava a berrar como maluco, o peguei em minhas mãos e o encarei, ao ver as horas que ele marcava quis matar aquele ser inanimado. Eu estava atrasada, muito atrasada para o meu trabalho, levantei com toda pressa possível, porém quase cai da cama, pois o meu lençol estava enrolado nas minhas pernas, realmente tinha mexido muito durante a noite.

Libertei-me daquelas correntes de tecidos que sem duvida compactuavam da minha idéia de continuar dormindo, mas não podia preciso ir trabalhar. E assim corri para o banheiro, no meio desse trajeto uma visão me prendeu na frente do espelho, fazendo-me paralisar, esquecendo completamente quaisquer umas das minhas necessidades fisiológicas.

Meu cabelo! Uma mecha dele, bem no meio do topo da cabeça, estava em pé, destacando-se dos restantes dos meus fios perfeitos, afinal ontem tinha gastado boa parte do meu salário no salão, fazendo a última novidade em alisamento no mundo dos cosméticos. E como era possível esse maldito cabelo esteja de mau humor assim?

Sim, meu cabelo tem vida própria, ele tem um humor muito volátil sempre muda nas horas que mais preciso da sua cooperação. Desde que me conheço por gente, olha que já me conheço há bastante tempo, eu travo uma guerra com meus fios, meus aliados eram inúmeros produtos e tratamentos capilares, mas sempre eu esbarrava com “mau gênio” das minhas madeixas.

-O que te fiz apara ficar de mau humor assim? – tive que perguntar em voz alta, em uma tentativa de fazê-lo me ouvir. – Você precisa me ajudar, estou quase conseguindo um convite daquele rapaz novo lá do escritório. Você não pode me abandonar assim!

Enquanto falava com aquela mecha que insistia em ficar espetada para cima, eu tentava passar a ponta dos meus dedos nela, numa esperança que ela abaixasse e se juntasse ao restante do meu cabelo alisado. Todavia não estava adiantando em nada a minha atitude desesperada, logo um pensamento me invadiu: “Se você continuar passar a mão assim no cabelo vai acabar deixando o todo oleoso.”

Recordei da minha grade coleção de produtos para cabelos, me ajoelhei na frente do armário do banheiro, ali era o esconderijo deles. Quando abri suas portas, vi a grande quantidade de botes e vidros de plásticos que ali havia, os joguei todos no chão, entretanto meu desespero era tão grande e a falta de tempo era um inimigo.

-Não tenho tempo suficiente para tentar salvar você com esse universo de produtos. – Resmunguei em voz alta. – Preciso de outra solução.

Sai correndo em direção ao meu armário, talvez achasse algo ali, uma miragem, uma solução, qualquer coisa que me salvasse daquele pesadelo. Pensei nas minhas possibilidades, chapéus eu não tinha, pois eles não combinavam com o formato do meu rosto. “Cavei” mais fundo o meu armário, cheguei às minhas roupas de inverno tirei um gorro dali. No entanto pensei: “Vão achar que sou maluca em usar um gorro em pleno verão. Além que dentro do escritório não poderei usá-lo.”

Bufei irritada por não achar uma solução para aquele problema no meu armário. Sem duvida eu preciso de um disk emergência de cabeleireiro, isso é um serviço que os donos de salão de beleza poderiam implantar, seria uma cliente assídua com esse cabelo que me odeia. Entretanto aquilo era um desejo, preciso de ajuda.

Passei a mão no telefone, disquei o número que sempre me dava ótimos conselhos, liguei para minha melhor amiga e minha vizinha. Depois de três toques ouvi sua voz.

-Fala Luiza. – A voz da minha amiga ainda era rouca de sono.
-Como você sabe que sou eu Fernanda? – Eu tive que perguntar.
-Só você para me ligar esse horário. Qual é o incêndio?
-Meu cabelo não está de bom humor, ai você já viu né?
-E qual o problema tem isso? - Ouvi que ela estava se mexendo, como tivesse caminhando.
-Fernanda como você me pergunta isso? – Meu tom de voz era fino devido ao meu desespero. – Fê, isso acaba com as minhas esperanças de conquistar aquele cara lá do escritório.
-Lú. É só seu cabelo. –Ela falou como fosse maior bobagem do mundo que estava sendo dita por mim. - Coloca um boné.
-Isso é coisa de frentista. – eu gritei com ela. – Preciso da sua ajuda.
-Abre a porta. – ela ordenou.

Quando a porta se abriu tive uma raiva da perfeição do cabelo da minha amiga, ela não fazia esforço nenhum para ter aqueles fios lisos e sedosos, nunca fez uma hidratação na vida. Tudo graças a sua herança familiar, todas as suas parentes tinham aquelas mechas lisas. Está ai um gene que tem que ser estudado pela engenharia genética, quando os cientistas descobrirem como modificá-lo serão ricos, afinal eu daria todas as minhas economias para vencer essa guerra eterna com esse ser que me odeia que se aloja na minha cabeça.

-Você sabe que te odeio por ter um cabelo tão perfeito assim. – Eu falei abraçando-a.
-Também te amo Luiza. – Ela se afastou de mim e viu o estrago que a mecha estava fazendo no meu cabelo. – Bem, por que você não lava seu cabelo?
-Fernanda, você já esqueceu que ontem eu gastei uma fortuna em alisar meus fios? E que meu cabeleireiro proibiu água durante uns dias?
-Ah é. – Ela falava sem emoção. – Senta na cadeira ali.

Obedeci a minha amiga, que muitas vezes tem papel de anjo na minha vida, agora ela estava ali me salvando. Notei-a indo para o banheiro, meus olhos foram direto para o relógio da sala, já estou atrasada, devia ter saído de casa há dez minutos. Em seguida ela voltou com um pente nas mãos, antes que eu questionasse algo, Fernanda leu a minha expressão de dúvida.

-Você não confia em mim?

Aqueles olhos determinados e a minha situação crítica, não permitia aquele tipo de indagações. Somente assenti e ela começou a pentear meu cabelo para trás, depois de alguns minutos uma linda trança embutida surgiu. Junto dela um comentário.

-Luiza, você tem que aprender a ser menos desesperada. – Fernanda falava calmamente agora olhando para mim. – Não adianta ficar toda afobada diante de um problema, tem que parar e buscar uma solução, ter calma.

Sabia que a minha amiga tinha razão, sempre fui assim, diante de um problema me desespero, simplesmente paraliso e me desconcentro, contudo não tinha tempo para pensar nisso, preciso ir trabalhar. Todavia sabia que as palavras dela irão ficar rodando na minha mente. Uma vez ouvir dizer que são pequenas coisas que te fazem enxergar coisas muito mais profundas e ali estava uma verdade incontestável sobre mim, não sei lidar com problemas, sempre buscava outra pessoa para me dar resposta. Toda vez coloco a minha vida a mercê da decisão do outro, mas preciso aprender a lidar com os meus problemas por conta própria.

Levantei e dei um abraço apertado em Fernanda.

-Obrigada minha amiga. – eu falei abraçada a ela.
-Pensa nisso que te falei. – Me afastei dela e a encarei.
-Sei que você tem razão. Obrigada. "